Movimentos Sociais


Se, como diz Karl Marx (1), a história da sociedade até os nossos dias é a história da luta de classes, nossa cidade também não passou ao largo dessa história e tem em seu currículo inumeráveis lutas por melhores condições de vida e trabalho.

Cidade de industrialização recente, mas significativa, Taboão da Serra tem - na sua história - participado da dinâmica social de nosso país, desde a década de 1980, quando a luta contra a ditadura (1964 – 1984) animava os movimentos grevistas por melhores condições de vida e trabalho. A cidade tem sido cenário de diversas greves e manifestações tanto de operários como de mulheres, professores(as) e outros movimentos sociais.

Hoje, além desses movimentos, a cidade também é palco para movimentos juvenis e étnicos como o hip-hop.

Os pontos comuns entre as lutas e as razões de organização dos diferentes segmentos sociais de nossa cidade é a construção de uma vida cidadã onde os desejos de justiça social, direitos, valorização e respeito encontrem variadas formas de expressão e concretização.

(1) Karl Marx, filósofo alemão do socialismo viveu entre 5 de maio de 1818 a 14 de março de 1888. 

 

1º Encontro de Professores de Taboão da Serra.

“Os professores de Taboão da Serra vão realizar no próximo dia 17 de Junho, através da regional sudoeste da APEOESP, o primeiro encontro de professores de Taboão da Serra: Escola – Hierarquia e/ou participação; Escola e seu funcionalismo: Regimento Interno, Conselho de Escola, Associação de Pais e Mestres, Centro Cívico; Escola e sua adequação: Evasão e repetência; Escola no Escuro; Problemas dos Cursos Noturnos.”

Foi encaminhado pedido de dispensa de ponto ao Secretário da Educação (2).

(2) ENCONTRO de professores em Taboão da Serra. APEOESP em NOTÍCIAS, São Paulo. p. 7. maio. 1983.

“A Praça Central e o Largo do Taboão eram lugares onde nós costumávamos fazer concentração e assembleias, justamente por serem locais onde havia bastante trânsito e queríamos divulgar o movimento. Era importante fazer greve e as pessoas saberem o porquê da greve, quais eram as reivindicações, quais eram as bandeiras, enfim... Nós sempre lutamos não só por salários, mas também por melhorias das condições de trabalho e de qualidade na educação. Isso sempre foi ponto de pauta nosso e umas das reivindicações principais até hoje. Também a redução do número de alunos dentro da sala de aula, a formação dos professores, enfim...

Outro lugar onde costumávamos fazer paralisação era na Delegacia de Ensino que ficava na Rua Santa Luzia, onde era o cartório. Ali ficava a Diretoria de Ensino e então nós nos dirigíamos para lá quando fazia parte dos nossos objetivos pressionar o poder público local.” (3).

(3) HAYASHIDA, Leny de Cássia. Diretora da E.E. Julieta Caldas Ferraz. Entrevista concedida à equipe de História. Taboão da Serra, set. 2003.

“A greve de 84 foi muito grande, fizemos uma Assembleia no CEMUR. 90% dos professores da região estavam paralisados e a greve a nível estadual já estava acabando. Os conselheiros regionais apresentaram na Assembleia a proposta de volta às aulas, tendo em vista a pouca mobilização nas outras regiões. Nesta ocasião, os professores demonstraram um amadurecimento político: um grupo defendia a permanência e foi apresentar a sua proposta na APEOESP Central enquanto outro grupo decidiu voltar às aulas, ou seja, mostraram autonomia ao defenderem sua posição não acatando passivamente as ideias do Conselho.

“Essa Assembleia também se mostrou como um ato simbólico da efervescência de ideias e muitas disputas políticas.” (4)

(4) MARTINS, Ednéa. Professora aposentada da rede estadual de ensino. Entrevista concedida à equipe de História. São Paulo, out. 2003. 

Ofício de Mestre 

“No auge de uma greve e nos múltiplos Congressos e Seminários que acompanho, afloram saberes e segredos apreendidos”. Aflora o orgulho de ser professor, conquistado nas lutas para ser socialmente reconhecido. Quando termina uma mobilização da categoria, não fica apenas a ressaca de reivindicações não atendidas. Ficam autoimagens reconstruídas. Os desejos agora são recordações. O mesmo sinto quando nos despedimos depois de alguns dias de Congresso e encontro. Fica mais do que boas falas, anotações e relatos de experiência. Nós ficamos mais convencidos e até orgulhosos de nossa identidade coletiva. Os desejos agora são autoimagens.

(...) A educação que acontece nas escolas tem, ainda, muito de artesanal. Seus mestres têm que ser artesãos, artífices, artistas para dar conta do magistério. Educar incorpora as marcas de um ofício e de uma arte aprendida no diálogo de gerações. O magistério incorpora perícias e saberes aprendido pela espécie humana ao longo de sua formação.” (5)

 (5) ARROYO, Miguel G.OFÍCIO DE MESTRE. São Paulo: Vozes, 2000, p.18.

 

“TODA CONQUISTA É FRUTO DA LUTA TODA LUTA TEM SUA HISTÓRIA”

 APEOESP em notícias

Movimento Hip-Hop - Breve Histórico

“Na década de 60, proliferou-se uma grande discussão sobre direitos humanos e, nesta ordem dos fatos, os marginalizados da sociedade de Nova York se articularam para fazer valer suas propostas na eliminação das suas inquietações. O Movimento Hip-Hop é um movimento social que foi criado pelas equipes de bailes norte-americanas por volta de 1968 com o objetivo de apaziguar as brigas dos jovens negros e hispânicos agrupados em gangues. Seu nome tem origem nas palavras Hip (quadril, em inglês) e Hop (saltar, em inglês). Logo, a expressão Hip-Hop (saltar balançando o quadril) se referia ao Break, a dança mais popular da época.

Várias festas nesses guetos eram comandadas pelo DJ (Disc Jockey, que seleciona o repertório de música) e pelo MC (Mestre de Cerimônia, que canta no ritmo da música), juntos faziam a harmonia entre a voz e a máquina. As equipes organizavam bailes e festas nos quarteirões das ruas, nos ginásios e nos colégios, incentivando os jovens a dançarem o break ao invés de brigarem entre si. As equipes também incentivavam o Grafite como forma de arte e não apenas como uma forma de marcar territórios.” (6)

(6) STREET MASTER. História do Hip-Hop. Disponível em: <http://www.strretmaster.com.br/>. .Acesso em 28 out. 2003. 

“O público dessas festas era formado por moradores dos guetos (periferia) nova-iorquinos, ou seja, bairros como o Harlem, Bronx, Queens, Brooklin etc.

O HIP-HOP é dividido em quatro elementos básicos que são: O RAP (a música), o DJ (que faz o som rolar), o Grafite (a arte) e o Break (a dança de rua).”(7)

(7) HIP-HOP BRASIL. A Cultura Hip-Hop. Disponível em: http://www.hiphopbrasil.com.br/> Acesso em : 28 out .2003.

 

Hip-Hop no Brasil

“No Brasil, o Hip-Hop chegou no início dos anos 80 através das equipes de baile das revistas e dos discos vendidos nas galerias da 24 de Maio, em São Paulo, onde o movimento ganhou maior divulgação. Os primeiros a aparecer foram os dançarinos de break que, expulsos pelos comerciantes e policiais da região transferiram-se para a estação do metrô São Bento. Logo houve uma cisão entre esses breakers e os rappers (cantores de rap), que começavam a fazer seus versos e tiveram que se mudar para a Praça Roosevelt. Pouco tempo depois, eles se tornaram a facção mais forte e atuante do Hip-Hop Paulistano, levando até alguns breakers a tornarem-se rappers.” (8)

(8) ANDRADE, Elaine Nunes. Movimento Negro Juvenil: Um estudo de casos sobre jovens rappers de São Bernardo do Campo. São Paulo, 1996. 317 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação.

“O primeiro álbum de rap brasileiro foi lançado em 1988 pelo selo Eldorado. O álbum era uma coletânea que se chamava ‘Hip-Hop Cultura de Rua’ que continham músicas de Thaíde & DJ Hum , MC Jack, Código 13 e outros pioneiros no rap nacional." (9)

(9) SILVA, Wagner Honorato Da. Integrante da Organização Ponto Zero 3 HTS. Entrevista concedida à equipe de História. Taboão da Serra, nov.2003. 

 

Hip-Hop: Movimento Social

“O Movimento Hip-Hop é uma ‘cultura de rua’ porque nasceu no espaço de lazer e atuação da juventude que é a rua. É consequência do entrosamento, da espontaneidade e da criatividade de uma determinada juventude que encontrou nessa mobilização a possibilidade de contestar as relações sociais, passando não apenas a agredir verbalmente a sociedade adulta e dominante pelas vias da música, mas principalmente buscando meios de auxiliar outros jovens também marginalizados e não integrantes do movimento a refletirem sobre sua condição social e concomitantemente valorizando sua ‘imagem’ no estímulo à autoestima.” (10)

(10) ANDRADE, Elaine Nunes. Movimento Negro Juvenil: Um estudo de casos sobre jovens rappers de São Bernardo do Campo. São Paulo, 1996. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação.

“O movimento Hip-Hop é social e cultural. A nossa comunidade é carente: aqui os meninos da região estão muito perdidos. O Hip-Hop é uma maneira de poder estar conscientizando a juventude mostrando outros caminhos; pois aqui em cada esquina tem um ponto de drogas. Com o Hip-Hop, nós podemos despertar nos jovens a vontade de ser um dançarino de Break, um Grafiteiro, um MC (Mestre de Cerimônia) ou um DJ (Disk Jockey), enfim, são os quatros elementos e uma só atitude: a liberdade de expressão. O Hip-Hop também denuncia e bate de frente com tudo o que é errado dentro e fora da periferia. A nossa luta é pela comunidade porque ela está sofrendo demais.” (11)

(11) FERRAZ, Maria da Glória CardosoFundadora do CEPIM. Entrevista concedida à equipe de História. São Paulo, nov. 2003. 

O que é Filantropia?

“Filantropia: termo de origem grega que significa amor ao homem, ao ser humano, especialmente no sentido de solidariedade, de prática do bem. Com o passar do tempo, ou melhor, com o passar dos séculos (porque a coisa é bem antiga), esse significado básico assumiu numerosas e variadas modalidades. Infelizmente, nem todas elas, isto é, nem todas as entidades que com elas se batizam e dizem identificar-se, se inspiraram nos nobres sentimentos e intenções que o vocábulo pretende traduzir.

Ao contrário, parece que na maioria dos casos a acepção original se perdeu e se deturpou.

Fala-se também numa filantropia autêntica, da qual existem exemplos edificantes e alentadores. Da mesma maneira como são conhecidos os frequentes casos do lado negativo, cada um de nós sem dúvida conhece episódios concretos de filantropia autêntica, talvez menos numerosa que os outros, mas igualmente reais.” (12)

(12) LEITE, Celso. Filantropia e Assistência Social2ª ed. São Paulo: LTR, 1998. p. 29-30.

 

LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social

“A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS – aprovada em 7 de dezembro de 1993, inaugura uma nova era para a assistência social brasileira.

Este novo estatuto jurídico tem como principal objetivo a proteção social das camadas menos favorecidas da população, pautando-se no princípio da universalidade do direito e garantia de mínimos sociais.”

Suas diretrizes propõem:

  • a descentralização político-administrativa dos órgãos executores;
  • a garantia da participação e representação popular;
  • o comando único em cada esfera do governo;
  • a parceria Estado / Sociedade civil.

Primeiras Instituições em Taboão da Serra

Clube de Mães

“(...) Nessas associações, algumas mulheres previamente capacitadas ensinavam outras, pobres e necessitadas, a bordar, costurar e fazer outros trabalhos manuais, além de transmitir instruções de higiene e saúde.”

Cepim

“O Cepim é a primeira entidade social de Taboão da Serra. O Clube de Mães começou a funcionar em uma casinha emprestada pelo Sr. Bruno Hollnagel (dono da Chácara Bell Air). Todas as senhoras eram voluntárias e colaboravam com os materiais.

Nesse Clube, fazíamos pães para que as mães pudessem levá-los para casa; além disso, trabalhávamos com sacos de algodão que recebíamos em forma de doação e, com eles, fazíamos lençóis, roupas infantis, bordados e pinturas. Éramos todas donas de casa e mães de família. Nosso Clube de Mães era diferente, nossa prioridade era a educação das mães, pois elas precisavam saber como utilizar os materiais que produziam e fazer o planejamento familiar. Outros temas também eram abordados como cuidados com a casa, educação dos filhos, higiene e saúde e cidadania. Naquela época, organizávamos quermesses e festas para angariar fundos para a entidade. Com o dinheiro, ajudávamos as pessoas que necessitavam de empréstimos e medicamentos. Outros movimentos de grande importância para a comunidade foram as campanhas de vacinação e documentação.” (13)

(13) VAMPRÉ, Regina. Diretora do Lar da Criança Feliz. Entrevista concedida à equipe de história. Taboão da Serra, set. 2003.

Asas Brancas

“A Instituição de Amparo à Criança ASAS BRANCAS, fundada em 04 de janeiro de 1962, (...) tem por finalidade instalar e manter centros de cultura e unidades assistenciais à criança carente, sem distinção de raça, cor ou religião, compreendendo, dentro de seus fins beneficentes e assistenciais, o entrosamento e a cooperação com outras entidades e associações que visem objetivos idênticos.” (14)

(14) GONÇALVES, Waldemar. Taboão da Serra: Sua História e Sua Gente. Taboão da Serra: O Pirajuçara. 1994, p. 54 – 78.

Lar da Criança Feliz

“O Lar foi fundado em 1959, para ser mais precisa, em 27/04/1959, por duas irmãs. A casa começou no bairro do Ferreira e, após terem recebido uma doação do Mosteiro de São Bento, foi construída esta sede onde estamos até hoje. Eu não me lembro exatamente por quanto tempo a instituição ficou sob a direção dessas duas irmãs e, devido às grandes atribuições da casa, elas não tiveram condições de mantê-lo e o Lar ficou fechado durante um período...” (15)

(15) ASAS BRANCAS. O que significa e o que representa a Instituição de Amparo à Criança "ASAS BRANCAS". Relatório geral. Taboão da Serra,2003.

Breve Histórico da Toko do Brasil

“Na década de 70, Taboão da Serra experimentou um acentuado crescimento populacional, chegando a alcançar a impressionante taxa de 415%. Esse crescimento ocorre na maioria dos municípios da sub-região sudoeste da Grande São Paulo, onde está situada, devido ao processo de industrialização que foi incrementado através das rodovias Régis Bittencourt, única ligação com a região sul do país, e Raposo Tavares, importante via de ligação da capital com o interior do estado.

No setor industrial, que constitui a principal fonte de divisas para o município e de empregos, destacam-se os ramos de metalurgia, mobiliário, mecânica e matérias plásticas.” (16)

(16) D’ARC, Joana. Ex-funcionária da Toko do Brasil. Entrevista concedida à equipe de história. Taboão da Serra, jun. 2004.

  

“O Grupo Toko foi fundado em 1955 como ‘Toko Radio Coil Laboratory’ e menos de um ano depois, a Toko introduziu o primeiro transformador de rádio frequência (bobina IFT) da indústria, ajudando a tornar o rádio de transistor possível. A tecnologia difundida pela Toko permitiu muitos avanços na área de eletrônicos.

(...) Devido à introdução de várias linhas de produtos, a companhia mudou seu nome para Toko Inc. em 1964. Hoje a Toko é um fabricante mundial de componentes eletrônicos e sistemas, e também um dos maiores fabricantes do mundo de indutores miniatura e filtros.

A Toko do Brasil, subsidiária da Toko Inc., foi estabelecida em São Paulo em 31 de maio de 1973 e encerrou as atividades em 31 de janeiro de 2003.”(17)

(17) OTTE, Rosângela Maria. Ex-funcionária da Toko do Brasil. Entrevista concedida à equipe de história. Taboão da Serra, ago. 2004.

“Eu trabalhava na Toko no setor de rolamentos, entrava às 7 horas da manhã e saía às 9h30 da noite. Se quiséssemos ir ao banheiro durante o expediente, tínhamos que pedir autorização para a líder, e ela demorava demais para atender o nosso pedido; também não era permitido conversar com ninguém dentro da empresa, pois, se isso acontecesse, corríamos o risco de sermos despedidas...” (18)

(18) SINGER, Paul; CALDEIRA, Vinícius Brant. São Paulo: O povo em movimentoSão Paulo: Vozes, 1980, p.111.

A mulher não chegava nunca a cargos de chefia, somente àqueles de nível intermediário, como por exemplo ‘líder de produção’. Os cargos de gerência e supervisão eram exclusivamente masculinos.” (19)

(19) BANDEIRA, Valmir. Ex-funcionário de indústrias como Multiforja, Nova York, entre outras. Entrevista concedida à equipe de história. Taboão da Serra, set. 2003.

 

Um exemplo entre muitos outros na História:

 

“As mulheres da classe operária participam desde cedo de vários tipos de movimentos (...) por volta de 1907, as mulheres costureiras de São Paulo chamavam suas companheiras a participar dos problemas enfrentados pelos trabalhadores em geral.” (20)

(20) MARXIST. Trabalho. Disponível em: Acesso em 17 set. 2004.

A seguir, alguns trechos de documentos relatam aspectos de algumas greves ou sensações suscitadas por elas:

  “O centro da cidade despertou ontem com a matinada das costureiras. Nas proximidades das casas de moedas, oficinas de costuras formavam gárrulos grupos assumindo algumas a impeticada atitude de oradoras, concitando suas colegas à greve. Mais loquazes que eloquentes, as promotoras do movimento grevista não conseguiram, com argumentos empregados, a completa adesão à causa que defendiam, porquanto muitas se mostravam dispostas a não abandonar o trabalho . [Horas mais tarde,] diversos bandos de costureiras pervicazes percorreram as ruas centrais seguidas de curiosos e admiradores que faziam comentários grotescos sobre a atitude hostil das costureiras contra a linha e a agulha...] ”

 (A Plateia, 25/05/1907, apud Boris Fausto, Trabalho Urbano e conflito social, São Paulo: ed: Difel 1983, p.148).

 

Três apitos

Noel Rosa                  

Quando o apito

Da fábrica de tecidos

Vem ferir os meus ouvidos

Eu me lembro de você

Mas você anda

Sem dúvida bem zangada

Ou está interessada          

Em fingir que não me vê

Você que atende ao apito

De uma chaminé de barro

Por que não atende ao grito

Tão aflito

Da buzina do meu carro? 

 

Greve na Dinapac

 “A greve mais marcante em Taboão da Serra foi no ano de 1983. Esse movimento foi na Dinapac, uma empresa de capital sueco que, depois de ter ganhado muito dinheiro no Brasil, decidiu, na crise de 83, mandar metade de seus trabalhadores embora com uma proposta de pagar além do aviso prévio mais alguns avisos que eu não me lembro o número agora. Porém, os trabalhadores não aceitaram e nós fomos para o confronto inclusive com a polícia, quando um capitão da PM na época me proibiu de fazer uma assembleia com os trabalhadores e nós discutimos na porta da fábrica. Tentamos convencê-lo de que  precisávamos fazer o movimento contra a demissão dos trabalhadores, mas aquele capitão, naquele momento, servia ao regime ditatorial, estava cumprindo sua função; e assim houve o confronto da polícia com os trabalhadores na porta da Dinapac. Nós saímos da BR 116, onde era a antiga Dinapac e viemos fazer uma Assembleia Geral no largo do Taboão que ficava próximo ao escritório central da empresa em frente à Conibra. Nós, inclusive, temos fotos desse movimento dos trabalhadores andando às margens da BR 116 para mostrar o seu descontentamento com aquela empresa de capital sueco que ganhou muito dinheiro no país e em contrapartida colocou um monte dos nossos companheiros no olho da rua.” (21)

(21) GIANOTTI, Vitor. Reconstruindo nossa História: 100 anos de luta operária no Brasil .2.ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998, p. 79-80.

O que é Capital e Força de Trabalho?

“Nos nossos dias, a produção é dominada pelo capital, que é o acúmulo de bens e riqueza. O capitalista é aquele que possui o dinheiro, funda a fábrica, compra as máquinas e a força de trabalho dos operários, pagando-lhe um salário.”(22)

(22) LEITE, Márcia de Paula. O Movimento grevista no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 8.

 

Década de 80

“No começo da década de 80, temos no Brasil uma classe operária numerosa com mais de 10 milhões de trabalhadores na indústria; e quase o mesmo tanto de assalariados rurais (boias-frias, diaristas etc.). Em Maio de 1978, em São Bernardo do Campo e São Paulo, acende-se a fogueira do mais novo período de lutas operárias na história do Brasil.

(...) Todas estas greves, nos mais variados setores, desde os coveiros até os metalúrgicos, passando por professores, bancários, químicos, aeronáuticos, portuários, canavieiros, funcionários públicos, polícia civil e mil outras categorias, nascem de várias condições favoráveis.

De 80 até 85, o Brasil vive um período de recessão econômica muito grande. A crise é a maior já vista no país, maior até do que a famosa recessão de 1929. Essa crise traz para a classe operária consequências clássicas: desemprego e arrocho salarial.  Frente a isso, a classe operária responde com sua arma também: a greve.”(23)

(23) CARVALHO, André; ANDRADE, Durval Ângelo. Sindicalismo. 2ª ed. Belo Horizonte: Lê, 1991. p. 8.

O que é Greve?

“A greve, enquanto paralisação coletiva do trabalho por iniciativa dos trabalhadores, visando forçar os patrões ou o Estado a atender suas reivindicações, é um fenômeno bastante antigo.

(...) É, no entanto, a partir do advento da sociedade industrial que a greve se generaliza como forma de luta dos trabalhadores por melhores condições de vida e de trabalho. (...) Nesse processo, os trabalhadores se constituem em sujeitos de sua própria história, deliberando num ato de vontade e de liberdade tomar em suas próprias mãos os destinos de suas vidas.” (24)

(24) ANTUNES, Ricardo. O que é Sindicalismo. São Paulo: Abril Cultural, 1985.p.13-14. 

O Novo Sindicalismo

“Sindicalismo é o nome que a gente dá à organização dos trabalhadores quando se unem para lutar por melhores salários e por seus direitos como empregados e cidadãos.

Podemos dizer que o sindicalismo nasceu no dia em que os trabalhadores descobriram que um empregado sozinho não tinha força para enfrentar o patrão nessa luta por salários e direitos."

“O sindicato, ao tornar-se representante dos interesses de toda a classe operária, conseguiu agrupar em seu seio todos os assalariados que não estavam organizados, evitando que o operário continuasse sua luta isolada e individual. (...) a partir do momento em que os operários constituíram suas organizações de classe ficou mais difícil baixar desmesuradamente seus salários ou aumentar excessivamente a jornada de trabalho.”


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